Adicionamos a nossa área de revistas a tradução da matéria sobre Beyoncé na edição de julho da revista italiana L’Uomo Vogue. Na entrevista, Beyoncé fala sobre seu novo álbum, “4″, e seu novo filme, “Nasce Um Estrela”.
A diva de hoje
Um novo álbum, uma nova turnê mundial e um novo filme no qual trabalhará com ninguém menos que Clint Eastwood. Às vésperas dos 30 anos, a estrela mostra que é suprema.
Um novo álbum, uma nova turnê mundial e um novo filme no qual trabalhará com ninguém menos que Clint Eastwood. Às vésperas dos 30 anos, a estrela mostra que é suprema.
Entrevistar uma diva não é fácil. Quando a estrela em questão é uma das mulheres que venderam mais discos no mundo e é considerada o ícone pop do momento, a tarefa se torna ainda mais complicada.
Nossa jornada para entrevistar Beyoncé começa em um carro utilitário preto de vidros escuros, que pára na frente a um estúdio fotográfico em Nova York , onde, mais tarde, nos encontraremos com a cantora.
A porta se abre e um homem entra: é um de seus assistentes, instruídos a nos levar até o estúdio onde Beyoncé gravou seu álbum.
Os assentos de couro bege são tão grandes que é praticamente impossível se encostar sem que seus pés saiam do chão do carro. O ar está impregnado com a fragância floral que Beyoncé está testando para lançar em seu próximo perfume.
“Me ocupar pessoalmente de cada detalhe de meu trabalho é uma questão de princípio”, explica ela, quando, horas depois, lhe perguntamos como ela teve tempo de pensar em um novo perfume enquanto trabalhava em um novo disco e planejava uma nova turnê mundial.
Com milhões de discos vendidos e um patrimônio estimado em 87 milhões de dólares por ano, em 2010 a artista ocupou o segundo lugar da lista de mulheres mais influentes da revista Forbes (a primeira foi Oprah Winfrey).
Além de lançar discos de sucesso desde os 16 anos, ela atuou em filmes e em vídeos e criou uma marca de roupas, a House of Dereon. Em vez de delegar para os outros tudo o que não é essencial, ela mesma faz seu império crescer. “Às vezes meu marido e minha família me forçam a ficar um ou dois dias descansando. Se não for assim, eu fico trabalhando sem parar,” acrescenta a cantora, que é casada há três anos com o rapper e produtor Jay-Z.
O trajeto dura pouco e o carro pára em frente a um prédio na MiMa (Middle of Manhatann), um apelido recém colocado na área central de Manhatann entre as ruas 34 e 45.
Antes de sermos liberados para entrar no estúdio de gravação no décimo quarto andar, o assistente nos pede para entregar a ele todos os celulares e/ou aparelhos de gravação. “Você vai ser um dos primeiros a ter o privilégio de escutar o novo álbum,” disse um dos homens que entrou na sala com paredes cobertas de logotipos da Louis Vuitton.
É a sala de controle, de onde podemos ver o estúdio de gravação, um espaço dominado por um piano de cauda e uma grande janela com vista para o horizonte de New York. “Eu gosto de gravar neste estúdio: a vista cria uma atmosfera especial, especialmente à noite, com os prédios altos iluminados e as luzes das ruas,” diz Beyoncé, observando que a maioria dos estúdios de gravação desse tamanho não tem janela. “A luz natural e a vista me dão uma inspiração diferente.” No álbum, a voz de Beyoncé, sempre cheia de melismas, se mistura com ritmos como o R&B, o hip-hop e o eletrônico. Os refrões são grudentos e pelo menos duas músicas já ficam em sua cabeça imediatamente. O disco se chama “4″, data de nascimento da cantora de 29 anos (4 de setembro de 1981) e também o número de álbuns que ela já lançou depois de deixar o Destiny’s Child, grupo feminino que a tornou conhecida.
A cantora trabalhou no álbum por um ano, gravando mais de 70 músicas, das quais 12 foram escolhidas para entrar no disco. “Eu tinha tantas ideias em mente que decidi gravar tudo e depois escolher.” O novo álbum chega três anos depois do último, “I Am… Sasha Fierce”, que deu seis prêmios Grammy a Beyoncé, estabelecendo o recorde de maior número de prêmios Grammy recebidos por uma mulher em apenas uma noite.
Ela não tinha pressa de lançar seu novo álbum e, se pudesse, teria esperado mais. Mas trechos de algumas das músicas novas vazaram na Internet, o que a forçou a adiantar o lançamento oficial. “Eu estava curtindo um momento relaxante, podendo dormir oito horas por dia, trabalhar calmamente, ir à academia e passar tempo com meu marido. De repente, me vi correndo e agitada por mais de doze horas por dia,” confessa.
Terminada a audição do novo álbum, o utilitário preto está pronto para nos levar ao estúdio fotográfico no qual nossa entrevista com Beyoncé está marcada para acontecer. A sessão de fotos durou duas horas, atrasando o horário marcado para a entrevista, mas foi legal ficar assistindo. Enquanto Beyoncé posava, seus assistentes colocaram as novas canções do “4″ para tocar. Ela, então, fingia estar cantando as músicas para se inspirar para as fotos. Playback à parte, foi como assistir a um show privado. Em frente às câmeras, ela é capaz de entrar e sair da personagem em um segundo. Em um momento ela está séria, no outro, confiante, e, no próximo, seus olhos brilhantes passam tristeza. “Eu sempre tentei ser uma performer completa: meu trabalho é entreter e comunicar, seja através de música, filme ou fotos. Para mim não é suficiente que a foto fiquei bonita, ela tem que passar alguma mensagem.”
Na telona, ela estreou como Foxxy Cleopatra, em “Austin Powers”, e interpretou papeis desafiadores, como Deena Jones, em “Dreamgirls” (personagem inspirada em Diana Ross ) e Etta James, em “Cadillac Records”, papel pelo qual foi indicado ao Globo de Ouro.
Ela trabalhará, em breve, com o grande Clint Eastwood, no remake de “Nasce uma Estrela”, em um papel que já foi de Judy Garland e Barbra Streisand.
Assim como Eminem e seu Slim Shady, Beyoncé, nos últimos anos, também criou um alter ego, Sasha Fierce, que a ajuda a mostrar seu lado mais animal, agressivo e sensual no palco, tendo se tornado conhecida em todo o mundo. A temática do álbum “I Am… Sasha Fierce” gira em torno dessa dupla personalidade, com uma Beyoncé angelical e sem maquiagem de um lado e uma Sasha de óculos escuros e movimentos provocantes do outro. Ao longo do tempo, no entanto, a cantora sentiu-se mais segura de si e agora já não precisa mais de nenhum personagem fictício para dominar o palco. “Sasha me protegia, mas agora não tenho mais medo de mostrar meu lado humano e meus sentimentos mais profundos. Na verdade, é isso que quero agora.”
Ela chega para a entrevista maquiada, com jeans preto e uma camiseta branca com uma estampa vermelha, pró-Japão. Se atrasa mais 20 minutos e pede desculpas por isso. São nove da noite, mas seu dia ainda será longo: ela se encontrará com os músicos que a acompanharão
no festival de Glastonbury, do qual é uma das atrações principais neste ano.